Rally Jameel: o grande desafio da dupla Maria Luís Gameiro/Inês Ponte Grancha
• Equipa vai representar Portugal na Arábia Saudita numa competição exclusivamente
feminina baseada em regularidade que privilegia a navegação e a estratégia em diferentes
tipos de terreno, incluindo o deserto e as dunas
Carros idênticos para todas as participantes (veículos de série 4x4), seis dias de prova em estradas tão diversas como asfalto, deserto aberto, dunas e trilhos cobertos de pedra, sendo valorizadas a navegação e a estratégia para definir a classificação final. É este o repto de Maria Luís Gameiro e Inês Ponte Grancha, a dupla que representará Portugal no Rally Jameel, entre 21 e 26 deste mês de abril, na Arábia Saudita. É a primeira vez que as cores nacionais competem neste rali feminino que principia em Petra, na Jordânia, para terminar na região de Al-Qassim, na Arábia Saudita, e tem como objetivo incrementar a participação feminina no desporto automóvel.
A distância a percorrer em cada jornada da prova pode variar entre os 300 e os 500 quilómetros, sendo que tanto o itinerário como outros detalhes apenas serão revelados às equipas na noite anterior. “É uma competição muito diferente, uma grande surpresa para nós. Enquanto piloto, estou habituada a correr em contra-relógio e a Inês também, porque a nível de navegação também nunca o fez no deserto, que é bastante diferente do que sucede nos ralis ou no todo-o-terreno convencional. Nem uma nem outra alguma vez disputamos uma prova de regularidade, daí que vá ser um grande e aliciante desafio para ambas”, salienta Maria Luís Gameiro, a piloto que no fim de semana anterior venceu a Taça das Senhoras no Morocco Desert Challenge, que concluiu no quinto lugar absoluto, aos comandos do Mini JCW T1+ do Team Motivo JCB.
Maria Luís Gameiro não esconde que adora desafios e será com uma grande dose de paixão e confiança que vai abordar o rali árabe: “Pelo que conseguimos perceber, há três tipos de equipas: as que não têm experiência absolutamente nenhuma, como é o caso das mulheres árabes que nem conduzem no dia a dia e para elas será o primeiro contacto com qualquer tipo de carro, inclusive TT; as equipas como eu e Inês, com algum tipo de experiência noutro tipo de corridas e que aceitaram este desafio como uma primeira vez; e haverá algumas equipas que têm muita experiência, sabem ao que vão, depois de já terem feito as três edições anteriores do Rally Jameel. Nós estamos ali no meio, teremos alguma vantagem perante as mulheres árabes, mas haverá outras pilotos e co-pilotos que sabem muito bem o que é regularidade e terão bastante mais experiência do que nós. De qualquer modo, vamos cheias de entusiasmo e esta nossa participação, além de representar Portugal, visa também a dinamização da presença das mulheres no desporto automóvel. Tanto eu como a Inês somos mulheres de desafios e, porque somos competitivas, queremos lutar por um lugar cimeiro. Estamos empenhadas em representar Portugal o melhor possível”.
Inês Ponte Grancha, a habitual navegador de José Pedro Fontes no Campeonato de Portugal de Ralis, vai regressar ao banco do lado direito de Maria Luís Gameiro mais de uma década depois de terem disputado uma prova de todo-o-terreno nacional. Este desafio de participar no Rally Jameel fê-la meditar um pouco…
“Quando aceitei o convite pensei muito, porque já fiz ralis e todo-o-terreno, mas nunca navegação no deserto e regularidade. Ponderei bastante, dada a minha inexperiência nessa área específica, se bem que possa aportar muitas coisas do todo-o-terreno e dos ralis, mas não tudo. De qualquer modo, será mais um desafio, algo de novo para aprender e acho que vai ser interessante”.
A co-piloto da dupla portuguesa revela, tal como a sua colega, uma grande determinação na defesa das cores nacionais em busca da melhor classificação possível.
“Estamos muito felizes, porque é a primeira vez, em quatro anos, que Portugal participa nesta prova. Entre 120 países foram escolhidos 25 e o nosso país foi um deles e isso, logicamente, trás um acréscimo de responsabilidade. Somos duas pessoas que gostam muito de ganhar, mas já percebemos que será bastante difícil, porque a competição está muito desenhada para as equipas locais. Pretendem incrementar o automobilismo feminino na Arábia Saudita e com esta participação iremos dar, também, o nosso contributo nesse sentido. Mas não descartaremos a possibilidade de conquistar um bom resultado”, concluiu Inês Ponte Grancha.