Historic Endurance ao seu melhor nível no Jarama Classic

O Iberian Historic Endurance teve a sua primeira prova da temporada em Espanha no  Circuito de Madrid Jarama – RACE. O já habitual evento madrileno do mês de Junho é um sucesso de público, e desta vez, com sol durante os 3 dias, reuniu 22,000 espectadores no circuito permanente mais antigo da Península Ibérica.

1ª CORRIDA - VITÓRIA DE UM FORD GT40 

O primeiro dia do Jarama Classic foi abrilhantado com a primeira corrida do Iberian Historic Endurance. O pitoresco pelotão de quatro dezenas de viaturas que evocam outros tempos  do automobilismo proporcionou um espectáculo de primeira linha, numa grelha internacional com pilotos de oito países diferentes. 

Paulo Lima já várias vezes tinha estado perto de ser o primeiro a ver bandeira de xadrez, mas por várias razões nunca o tinha conseguido. Desta vez, logo nos treinos cronometrados mostrou que vinha com força e fez a pole-position, seguido dois Porsche 911 3.0 RS do português Bruno Santos e do espanhol Eduardo D’Avila.

A partida era o momento mais aguardado de Sábado, onde todos os carros se respeitaram e fizeram a primeira volta sem incidentes, com Paulo Lima imediatamente a destacar-se do numeroso pelotão e a ganhar uma pequena vantagem para Bruno Santos. Atrás dos dois primeiros, seguia um pelotão perseguidor com Eduardo D’Avila e dois Shelby Cobra Daytona, o primeiro dos belgas Olivier Muytiens / Grégoire Audi e o segundo de Miguel Lobo.

Enquanto na frente a corrida permanecia estável, eram muitas as lutas ao longo do pelotão entre os quase 40 carros em pista, com diversas cores, sons, idades e classes a animarem o muito público espalhado nas bancadas do circuito.

Contudo, no momento das paragens nas boxes, Bruno Duarte, com um “pit-stop” mais eficiente, passou para a frente de Paulo Lima. Porém, o piloto da RP Motorsport estava determinado em terminar na frente e algumas voltas depois recuperou a liderança, para não mais a perder até ao final da corrida. Já Bruno Duarte não precisava de arriscar a ir atrás do Ford GT40, pois tinha a vitória H-1976 nas mãos.

Eduardo D’Avila foi o terceiro classificado e o segundo da categoria H-1976, apesar de ter perdido duas posições na segunda parte da prova, que acabou por as recuperar - uma para Claudio Vieira, que fez uma grande recuperação da oitavo lugar até terceiro dos H-1976, a apenas 0.7 segundos de Eduardo D’ Avila que também recuperou a posição para Miguel Lobo, o quinto carro mais rápido em pista.

Nos H-1965, que contava com 11 inscritos, a vitória foi Laurent Jasper, no elegante Jaguar E-Type que venceu, apesar da forte oposição do Shelby Cobra Daytona ‘belga’ (Muytiens / Audi) que ficou a apenas a dois segundos. O piloto sueco Per-Ake Forsvall, ao volante de um ágil coupé saído da pena de Colin Chapman, fechou o pódio da categoria.

Entre os H-1971, o fiel Porsche 911 S/T de Piero Dal Maso venceu a corrida, seguida do esbelto Alfa Romeo GTAm de Roberto Dias Rincon que convidou o amigo Jorge Santos a dividir o volante, quando o GTAm deste último teve problemas ainda nos treinos privados. O pódio ficou completo com o madrileno Manuel de la Torre, que em sua casa conseguiu um pódio muito celebrado.

Na categoria Gentlemen Driver Spirit (GDS), Nuno Nunes levou o seu Porsche 911 SWB preparado pela Garagem João Gomes a um triunfo incontestado. Mantendo a senda de bons resultados, o francês Vincent Tourneur conseguiu um fantástico segundo resultado e o BMW 1800 TISA de Alberto e Tomás Velez Grilo fechou o pódio. 

2ª CORRIDA – PAULO LIMA BISA

Com ainda mais público nas bancadas e no paddock, a segunda corrida, realizada no domingo, foi novamente ganha pelo Ford GT40 de Paulo Lima. O imponente carro da marca da oval azul assumiu a liderança nos primeiros metros da corrida e nunca mais de lá saiu, “bisando” num evento em que tudo correu bem para Paulo Lima.

Atrás do GT40, Bruno Santos passou a prova como uma sombra à espera de um erro do carro feito em Detroit, mas tal como na primeira corrida, o vencedor não cometeu qualquer erro triunfado confortavelmente. Assim o interesse do público e da transmissão televisiva ficou-se na luta seguinte que tinha os Porsche de Eduardo d’ Avila e Claudio Vieira, a que se juntavam o Jaguar E-Type de Jasper e os Cobra Daytona Muytiens / Audi e de Lobo, sendo que os pilotos belgas estavam cada vez mais à vontade nas curvas do antigo traçado do Grande Prémio de Espanha de Fórmula 1. 

Um pouco mais atrás, o suíço Ralf Huber liderava um pelotão com o seu Bizarrini que tem uma história muito especial - este exemplar foi o único Bizarrini importando para Espanha na sua época. O impressionante carro italiano, defendia-se do Elan do sueco Per-Ake Forsvall, do 914/6  de Manuel de la Torre e ainda do 911 2.8 RSR de Paul Daniels.

Apesar das muitas lutas e animação no início da corrida, esta foi uma corrida de resistência, onde as trocas de pilotos, isenção de erros e fiabilidade são sempre fundamentais.

Assim, ao volante de um espectacular AC Cobra, Max Huber recuperou desde a última posição até vencer a categoria H-1965 na frente do Jaguar de Jasper, que fez uma grande prova mas sofreu um drive-thought por incumprimento do handicap de paragem nas boxes. A fechar este pódio ficou o Cobra Daytona de Audi / Lafont que terminaram o fim-de-semana com duas subidas ao pódio. 

Na classe H-1971, foi o Porsche S/T da Garagem João Gomes, desta vez conduzido por José Carvalhosa a vencer, seguido por outro Porsche 911 S/T dos madrilenos Antonio Castro / Angel Lanchares e do Alfa Romeo GTAm de Diaz Rincon / Santos, que também obteve dois resultados no pódio num fim-de-semana excelente para a dupla ibérica.

Já na categoria GDS, Nuno Nunes voltou a liderar a corrida de início ao fim, seguido por Vincent Tourneur e desta vez com o Lotus Elite do argentino Martin Aubert e do inglês Adam Bruzas que tiveram ainda mais uma razão para celebrar este fim de semana.

INDEX DE PERFORMANCE: VITÓRIA DE UM ELITE

Como é parte da tradição, na primeira corrida do fim de semana, também se ficou a conhecer o vencedor da classificação do Índex de Performance. Ao vencer esta classificação, que habitualmente premeia os veículos mais antigos ou com menor cilindrada, Martin Aubert e Adam Bruzas levaram para casa um exemplar exclusivo da marca de relógios suíça, de alma latina, Cuervo y Sobrinos. Na segunda posição ficou o piloto brasileiro Fabiano Vivacqua, que se estreou no Historic Endurance ao volante de um Porsche 356, e Per-Ake Forsvall, com o seu Lotus Elan.

O Historic Endurance entra agora numas longas férias de verão, só regressando para disputar o Estoril Classics, a 4/6 de Outubro, um dos maiores eventos de Clássicos da Europa.