Emoção e história no segundo dia do Estoril Classics

O segundo dia do Estoril Classics 2025 confirmou o encanto singular deste evento, com o público a encher bancadas e paddock desde cedo para viver de perto o rugido dos motores de um verdadeiro museu em movimento.

Ao longo do dia, a atmosfera foi de celebração e fascínio - o som grave dos clássicos de endurance, o brilho dos GT de sonho e o espectáculo dos turismos fizeram vibrar o Autódromo do Estoril. Entre os protagonistas estiveram máquinas míticas como o Ford Capri Zakspeed Turbo e o elegante Ferrari 275 GTB, que desfilaram potência e estilo em pista.

A demonstração de Fórmula 1, no âmbito das comemorações dos 75 anos da categoria máxima, voltou a cativar as bancadas com o desfile máquinas desde os primórdios da categoria. No entanto, o momento alto do dia foi a corrida dos monolugares de Fórmula 1 até 1986.

Classic GP: espectáculo puro em pista

Com mais de duas dezenas e meia de carros em pista, a primeira corrida do Classic GP foi uma demonstração de intensidade e precisão. Numa prova de vinte minutos em ritmo alucinante, Nick Padmore, ao volante do Lotus 87 Ford Cosworth, e Yutaka Toriba, em Williams FW07C Ford Cosworth, travaram um duelo empolgante que fez levantar o público das bancadas.

Ambos impuseram um ritmo fortíssimo, com travagens no limite, tendo mesmo o piloto japonês feito uma ligeira incursão pela escapatória da saída da Parabólica quanto tentava colocar-se em posição de atacar a liderança. Padmore acabou por triunfar, apesar da forte oposição do seu oponente.

Atrás deles, Steven Brooks e Steve Hartley protagonizaram uma luta cerrada pelo último lugar do pódio, com Lotus 91 Ford Cosworth a levar a melhor sobre o McLaren MP4/1 Ford Cosworth após uma exibição combativa em que os dois pilotos protagonizaram uma batalha que entusiasmou o público.

As outras categorias: diversidade e emoção

No início da tarde, o pelotão de cinco dezenas de carros do Iberian Historic Endurance disputou a sessão de qualificação que definiu a grelha de partida para a corrida de encerramento do programa do Estoril Classics de 2025. Christian Oldendorff, que trocou o seu Alfa Romeo Giulia TZ2 por um igualmente impressionante Ford GT40, registou o melhor tempo do treino cronometrado e terá ao seu lado, na primeira linha da grelha, o Porsche 911 3.0 RS de Carlos Brízido/Miguel Lobo.

A segunda linha será ocupada por Olivier Muytjens, em Ford GT40, e por Tom Canning, ao volante de um Ginetta G10. Já na terceira linha estarão o Chevrolet Corvette LS8 da dupla Pedro Bethencourt/Jorge Nogueira Pinto e o pequeno protótipo inglês Merlyn MK4 de Carlos Barbot/Filipe Vieira de Campos.

Nas restantes grelhas organizadas pela Peter Auto, a história do automobilismo reescreveu-se em cada curva. No The Gentlemen Challenge, dedicado aos desportivos anteriores a 1966, o elegante Lotus XV de 1960 conduzido por Kyle Tilley confirmou o favoritismo e venceu com autoridade.

Já no Classic Touring Challenge, que recria o ambiente dos turismos dos anos 1960 e 1970, o Ford Mustang 289 de 1965 de John Spiers e Nigel Greensall conquistou uma vitória vibrante, impondo-se pelo som e pela força bruta do V8 americano.

No Heritage Touring Cup, reservado aos grandes carros de turismo que marcaram os anos 1970 e 1980, Sebastian Glaser destacou-se ao volante do BMW 3.0 CSL de 1975, assegurando a pole-position e confirmando o estatuto de favorito para a corrida de domingo. Estas categorias, cada uma com o seu carácter e história, ofereceram um dia de corridas intensas, onde elegância, velocidade e nostalgia se fundiram num espectáculo inesquecível.

O entardecer no Autódromo do Estoril trouxe uma das imagens mais evocativas do fim-de-semana com a disputa da Sixties’ Endurance, categoria dedicada aos GT e protótipos anteriores a 1965. Inspirada nas grandes maratonas da era dourada da resistência — Le Mans, Nürburgring ou Sebring — esta grelha recria o espírito romântico das corridas de longa duração, com trocas de pilotos, faróis acesos e máquinas que combinam elegância com performance bruta.

A luta pela vitória foi intensa e digna da tradição da disciplina. Maxime Guenat e Guillaume Mahé, que venceram, travaram um duelo apaixonante com Armand Mille e Yves Scemama, ambas as duplas aos comandos de um Shelby Cobra Daytona Coupé de 1965. A luz do pôr do Sol reflectida nas carroçarias foi a melhor forma de terminar um dia apaixonante. O terceiro lugar coube ao Jaguar E-Type 3.8 de 1965 de Lee Mowle e Phil Keen numa prova que acabou com os faróis acesos.