Carrera 80 com duas corridas intensas no Algarve Classic Festival

No programa do Algarve Classic Festival, a Carrera 80 voltou a brindar os espectadores com duas corridas vibrantes, com o estreante inglês Rob Cull a conquistar, com grande mérito, duas vitórias arrebatadoras no sempre majestoso Autódromo Internacional do Algarve.
 

A qualificação para a primeira corrida da competição, destinada a viaturas de Turismo e GT fabricadas entre 1976 e o início da década de 1990, revelou-se a mais renhida da temporada até aqui, com os dois mais rápidos separados por escassos 0,020 segundos. O Ford Escort RS1800, meticulosamente preparado pela Equipa Classic Racing e conduzido por Rob Cull, rubricou o melhor tempo, superando por meras duas centésimas o BMW 325i E36 de Diogo Cavaco. A segunda linha da grelha de partida ficou entregue a Luís Nunes (Ford Escort RS1600), outra cara nova no pelotão, e à dupla franco-belga Brice Pineau/Olivier Muytjens (Porsche 911 RS).

Com a pista a secar após um aguaceiro matinal e a luz a filtrar-se timidamente entre as nuvens, a primeira corrida do fim-de-semana disputou-se na manhã de sábado. Rob Cull soube tirar pleno proveito da posição privilegiada na grelha, impondo desde cedo um ritmo vigoroso que lhe permitiu destacar-se do pelotão. Atrás de si, dois protagonistas emergiam em franca recuperação: Pedro Poças, estreando-se ao volante de um Porsche 944, e Miguel Garcia, regressado à Carrera 80 aos comandos do seu imponente BMW 635 CSI. Curiosamente, estes três homens viriam a liderar a corrida em diferentes momentos ao longo dos intensos quarenta minutos, apenas abrandados por um breve período de Safety-Car.

Depois de perder a liderança à sétima volta, Rob Cull, autor da volta mais rápida, viu-se obrigado a redobrar esforços para alcançar Miguel Garcia, pois este tinha de cumprir um pit stop com menos 55 segundos, por utilizar os pneus semi-slick Toyo R888, ao invés dos slicks que obrigavam por motivos regulamentares a uma paragem mais prolongada. No desfecho, este trio teve motivos para sorrir: triunfaram nas classes GR2, T-MAX e GT COPA, respetivamente.

A luta, porém, não se esgotou nos lugares cimeiros. Em todo o pelotão multiplicaram-se os duelos entusiasmantes que mantiveram o público rendido nas bancadas, com César Freitas (BMW 323i) e Manuel Ferrão (Ford Escort RS1800) a assegurarem presença no pódio da classe GR2, enquanto Brice Pineau/Olivier Muytjens (Porsche 911 RS) e Diogo Cavaco (BMW 325i E36) rubricaram prestações igualmente merecedoras de subida ao pódio na classe GT COPA, embora o piloto do BMW ficou privado de um resultado melhor devido a um problema eléctrico.

No início da tarde de domingo, aproveitando os slicks calçados no seu Ford Escort, Rob Cull dominou a primeira parte da corrida, conseguindo alcançar uma substancial distância sobre o segundo classificado. Contudo, depois das paragens nas boxes e cumpridos os handicaps, Miguel Garcia, que com um pit stop mais curto, emergiu na frente da corrida. Ambos os pilotos imprimiram um ritmo forte, embora diferente, dada a natureza de pneus de cada um.

Na penúltima passagem pela recta da meta, o experiente inglês, que tinha os pneus traseiros no limite, conseguiu finalmente alcançar o BMW 635 CSI e consumar a ultrapassagem, vencendo a corrida e no GR2, ao passo que Miguel Garcia, que pouco poderia fazer após uma corrida de alto nível, foi o segundo a ver a bandeira de xadrez, conquistando a classe T-MAX. 

Pedro Poças terminou novamente em terceiro e venceu pela segunda vez consecutiva na estreia do Porsche 944. Brice Pineau e Olivier Muytjens foram segundos classificados na GT COPA. Apesar de terem feito uma boa corrida e recuperado os vinte segundos de handicap, uma infração na paragem nas boxes obrigou a dupla da HY Racing a cumprir um Drive Through que hipotecou a possibilidade de vitória. Diogo Cavaco (BMW 325i E36), que liderou a classe nos primeiros instantes da corrida, terminou em sexto lugar.

Em dia de consagrações, César Freitas e Manuel Ferrão subiram novamente ao pódio na classe GR2, em segundo e terceiro lugar, respetivamente.

Arlindo Bessa, no seu Toyota Carina E, uma unidade vencedora do Troféu Toyota Carina da década de 1990s, conseguiu resolver os problemas eléctricos que tinham afectado o seu carro nas suas últimas aparições em pista e completou as duas corridas de 40 minutos, vencendo a dobrar na classe T-2000.

Sem oposição na classe GR1, a dupla ibérica Guillermo Velasco / Francisco Freitas (Datsun 1200) celebrou duas vitórias com bonitas lutas com o Ford Capri “espanhol” de Francisco Moreno da classe GR2.

Numa participação como convidado, o piloto espanhol Antonio Escalante divertiu-se no cockpit do Hyundai Coupé, obtendo um sétimo e um quinto lugar na geral.

A temporada de 2025 da competição ibérica Carrera 80 chega agora ao final com duas corridas no programa do Endurance Estoril Festival, no fim-de-semana de 29 e 30 de Novembro, no Autódromo do Estoril.